Retratos de uma família: mãe e filho reconstroem suas vidas após perderem tudo no tsunami.
Minami-Sanriku, Miyagi - Numa sexta-feira ainda fria de inverno, um sismo de magnitude 9.1 Mw com epicentro ao largo da costa do Japão foi registrado às 14:46 (horário do Japão) no dia 11 de março de 2011. O epicentro foi a 130 km da costa leste da península de Oshika, região de Tohoku, com o hipocentro situado a uma profundidade de 24,4 km. O sismo atingiu o grau 7 (magnitude máxima da escala de intensidade sísmica da Agência Meteorológica do Japão) ao norte da província de Miyagi, grau 6 em outras províncias próximas e grau 5 na região de Tóquio.
Naquele dia na cidade de Minami-Sanriku, Sumi Hatakeyama, 36 anos, e o seu filho Kosei, 4 anos, corriam juntos para a região mais alta da cidade. Lá de cima, Sumi viu o tsunami engolindo tudo o que era familiar para ela, destruindo tudo pelo caminho.
"Eu não conseguia pensar em nada. Eu estava simplesmente perdida", lembra Sumi.
Carregando o filho Kosei nas costas, Sumi andou 3 quilômetros por uma estrada montanhosa até chegar à escola de ensino ginasial Utatsu. A escola foi usada como refúgio para uma parte dos desabrigados de Minami-Sanriku.
Passado alguns dias e acomodados no ginásio de esportes da escola, mãe e filho recebiam diariamente as refeições feitas por voluntários que, geralmente, eram bolinhos de arroz (onigiris). Sumi não tinha estômago para pensar em comida naqueles dias difíceis. Por outro lado, o seu filho Kosei enchia a boca com os bolinhos de arroz e permanecia comendo em silêncio ao lado de sua mãe.
"Eu estava com tanto medo que não conseguia comer", disse Sumi.
Três meses após o desastre, a família mudou-se para uma acomodação temporária. Quando entrou na casa, Sumi ficou encantada com a nova cozinha, após alguns meses no abrigo improvisado. Ela ficou determinada em voltar a cozinhar e fazer as comidas favoritas do seu filho Kosei.
A primeira refeição na casa nova foi caril com arroz e Kosei ainda lembra muito bem disso.
"O meu prato estava cheio de carne e vegetais. Fazia muito tempo que não comia uma refeição como aquela desde o terremoto. Estava realmente delicioso", disse Kosei.
Depois de seis meses da tragédia, em setembro, o fotógrafo do jornal Asahi voltou a visitar a família. E, coincidentemente, a refeição daquele dia era novamente caril com arroz. Compartilhar sempre a mesma refeição em casa parecia simbolizar a felicidade da vida diária deles, pensou o fotógrafo.
Em setembro de 2016, Sumi e Kosei mudaram-se para uma casa recém construída na parte mais alta da cidade. Levou cerca de cinco anos e meio para que a vida de mãe e filho voltasse ao normal. Embora as suas vidas tenham sido drasticamente alteradas pelo desastre, o relacionamento afetuoso entre os dois nunca mudou.
Olhando para os 10 anos após o tsunami, Sumi diz: "Uma década se passou e parece muito tempo, mas para mim passou em apenas um piscar de olhos."
"O meu filho Kosei era uma criança muito apegada a mim, mas agora ele é capaz de pensar e agir por conta própria", disse Sumi sobre o crescimento de seu filho.
Atualmente, Sumi, com 46 anos, sempre olha afetuosamente o seu filho Kosei, com 14 anos, desejando a ele um crescimento saudável toda vez que se sentam à mesa para comer juntos.
Em outubro de 2020, Kosei tornou-se presidente do conselho estudantil da escola ginasial Utatsu, o mesmo lugar onde se refugiou com a sua mãe após o tsunami. Kosei disse que sentiu-se inspirado a concorrer ao cargo devido à experiência de ver pessoas ajudando outras em épocas de desastres.
"Pessoas que fazem sacrifícios para ajudar outras pessoas causam uma grande impressão em mim", disse Kosei.
Fontes: The Asahi Shimbun / Wikipédia.
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