quarta-feira, 10 de março de 2021

Rigidez nas roupas íntimas dos alunos.

Estudantes de Nagasaki têm que obedecer regras específicas no uso de roupas íntimas dentro da escola.


Nagasaki - As escolas japonesas têm a reputação de serem particularmente exigentes com a aparência dos alunos. Um dos exemplos mais claros é a exigência no uso de roupas íntimas brancas pelos alunos.

Estudantes de Nagasaki têm que obedecer regras específicas no uso de roupas íntimas dentro da escola.
Regras para as roupas íntimas dos estudantes japoneses. Foto: Pakusato.

Este não é um regulamento que todas as escolas do Japão têm. Mesmo entre os japoneses, há quem pense que a regra está indo longe demais. Para verificar as regras das escolas da província, o Conselho de Educação da Prefeitura de Nagasaki conduziu um estudo entre escolas de ensino ginasial e de ensino médio. Através do estudo, descobriu-se que é muito comum as escolas da província de Nagasaki exigirem que os alunos vistam roupas íntimas na cor branca.

De 238 instituições educacionais examinadas, 138 escolas (58%) têm roupas íntimas brancas listadas como parte obrigatória do código de vestimenta. No entanto, o conselho acredita que esses números podem cair num futuro próximo. Se as escolas continuarem mantendo tais políticas, elas podem ser alvo de reclamações por violar os direitos dos alunos. 

Recentemente, um tribunal distrital confirmou que as escolas têm autoridade de proibir os alunos de tingir os cabelos. O propósito desta regra é manter a disciplina dos alunos na escola. Mas pode-se presumir que as instituições educacionais não precisam se preocupar em ditar regras na escolha da cor da roupa íntima dos estudantes. O único porém é em relação ao sutiã das meninas. Esta peça é ostensivamente especificado para que a cor seja branca, evitando que ela apareça através da blusa do uniforme.

Entretanto, o texto específico do código de vestimenta escolar não diz que "a roupa íntima não deve ser visível", mas diz que "a roupa íntima deve ser branca". Com a exigência da cor branca, é necessário a verificação de conformidade, independente da roupa íntima do aluno ser visível ou não através do uniforme. Em algumas escolas, a inspeção é feita por um professor que periodicamente puxa as alças do sutiã das alunas para verificar a cor. Uma aluna de uma escola ginasial de Nagasaki, reportou  que uma professora entrava na sala para verificar as peças íntimas enquanto as meninas trocavam de roupa para as aulas de educação física. No Japão, os estudantes trocam de roupa para a educação física em salas de aula, porque a maioria das escolas não possuem vestiários.

A regra focada na escolha da cor da peça, em vez da visibilidade da peça ou falta dela por baixo do uniforme, está concedendo a autoridade do indivíduo em olhar as roupas íntimas dos estudantes. Isso pode gerar constrangimentos aos alunos, uma vez que professores, funcionários de escola ou até mesmo colegas de classe ficam sabendo o tipo de sutiã e de calcinha  que as garotas estão vestindo em um determinado dia. 

O Conselho de Educação está preocupada com essa situação. No início do mês de março, um aviso foi enviado às escolas para que revisassem não só os seus códigos de vestimentas, mas as suas políticas de conduta com os alunos. É necessário reconsiderar como essas regras rígidas impactam na vida dos estudantes e nos seus valores sociais emergentes.

"As escolas que têm regras para o uso de roupas íntimas brancas, geralmente as aprovam há muito tempo. À medida que as crenças sobre os direitos individuais mudam, é preciso que as escolas reavaliam suas políticas", admite um porta-voz  do Departamento de Educação de Nagasaki.

O edital do Conselho de Educação também pede que as revisões necessárias sejam feitas após discussões e pesquisas com alunos e pais, levando em consideração suas opiniões sobre o assunto.


Fonte: Japan Today. 

www.nikkeyon.blogspot.com

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