domingo, 24 de janeiro de 2021

Alugue-me para não fazer nada.

Japonês oferece os seus serviços de acompanhamento para não fazer nada.


Tóquio - Shoji Morimoto é um japonês de 37 anos que presta serviços de companhia em Tóquio de uma forma bem inusitada: compromete-se a acompanhar a pessoa sem precisar fazer qualquer outra coisa para ela.

Isso mesmo! Morimoto simplesmente acompanha as pessoas com o intuito de fazer companhia a elas e nada mais. Não entendeu? Então, leia a história dele abaixo:

Alugue-me para não fazer nada. Matéria do Nikkey ON!
Shoji Morimoto. Fonte: Mainichi

Antes de se tornar "uma pessoa que não faz nada", Morimoto tinha um emprego em uma editora assim que terminou a sua pós-graduação. Entretanto, teve dificuldades de se adaptar ao serviço e acabou saindo. Uma vez, o ex-chefe disse sarcasticamente a ele: "Não me importo se você está aqui (no emprego) ou não." 

Desempregado, Morimoto ficou preocupado pelo fato de não conseguir encontrar algum outro trabalho para fazer no longo prazo. Para poder sobreviver, ele acabou se inspirando numa outra pessoa que "não fazia nada" também. Não muito tempo depois, ele abriu uma conta no Twitter.

Um usuário da rede social postou o seguinte na conta de Morimoto: "Estou feliz por passear com alguém mantendo uma distância confortável, na qual não precisamos conversar, mas se quiser poderíamos."  Um outro usuário refletiu: "Eu demorei para visitar o hospital, mas eu fui lá porque ele veio comigo."

Em sua conta no Twitter, vários usuários escreveram mensagens de gratidão, mostrando que as pessoas estão felizes com a sua nova forma de ajuda. Ele tem cerca de 270.000 seguidores. 

Desde 2018, Morimoto já recebeu mais de 3.000 solicitações por seu serviço. Em seu anúncio, ele se classifica como uma pessoa que pode comer, beber, dar aos clientes feedback simples de algum assunto e não fazer mais nada além disso. No início, ele oferecia o seu serviço gratuitamente, mas agora ele cobra 10.000 ienes (em torno de US$ 96) por cada cliente.

Os motivos para alugá-lo são variados. O que ele já fez: participar numa sessão de jogos quando precisa-se de um outro jogador, acompanhar casais que vão se divorciar, aparecer apenas para mandar as pessoas a se mudarem de residência, ou simplesmente ficar escutando o desabafo de profissionais de saúde que ficaram indispostos após um dia exaustivo de trabalho.

Morimoto se compromete a não fazer nada e simplesmente dá respostas bem simples ou balança a cabeça quando a pessoa fala com ele. Durante a conversa, ele não gosta quando recebe palavras de incentivos do cliente e fica chateado quando alguém simplesmente lhe diz para "continuar tentando". Na opinião dele, quando alguma pessoa está tentando fazer algo, a melhor coisa é ajudá-la a reduzir as suas próprias exigências e cobranças ficando ele simplesmente ao lado dela.

Em pelo menos 10 ocasiões, uma escritora de 36 anos alugou os serviços de Morimoto. Ela pediu a ele para que ficasse ao lado dela quando foi encontrar um outro homem pela primeira vez. Pediu para que ele a ouvisse sobre os pontos de vista dela sobre o amor, assunto que ela jamais poderia dizer aos seus amigos. E também disse a ele como ela foi secretamente a um estabelecimento de entretenimento adulto para escrever um dos seus trabalhos.

De acordo com a escritora, Morimoto a ouviu sem que ela se sentisse envergonhada por contar que foi a um local de entretenimento adulto. "Parecia um apoio tê-lo ao meu lado sem forçar as opiniões dele sobre mim", disse ela.

Morimoto recebe palavras de agradecimento de clientes que afirmam que o ato dele de não fazer nada durante o encontro serve de apoio para as pessoas. No entanto, ele permanece indiferente aos elogios dizendo: "Não estou fazendo isso para esse propósito, então a minha única resposta é: 'Ah, é mesmo?'". Ele também não quer que o seu trabalho seja visto como um ato de caridade. 

Segundo o que Morimoto disse ao jornal Mainichi: "Não sou amigo e nem conhecido das pessoas. Estou livre das coisas incômodas que acompanham os relacionamentos, mas posso aliviar a sensação de solidão das pessoas. Talvez seja algo assim para mim."

O jornal Mainichi termina a matéria com a seguinte reflexão: "Na era atual, as dificuldades se espalharam por várias áreas da vida. Pode ser que em algum lugar no coração todos estejam ansiosos por alguém que os animem. Por isso que o "alugue uma pessoa para não fazer nada" tem tido uma alta demanda no país. A pessoa (como Morimoto) não irá lhe dizer para fazer o seu melhor ou que irá apoiar você em seus argumentos, mas permanecerá ao seu lado o tempo todo escutando em silêncio."


 Fonte: The Mainichi / versão original escrito por Mei Nammo, City News Department. 


Nikkey ON!

      

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