A luta daqueles que vivem nas ruas de Tóquio e precisam de emprego e moradia.
Tóquio - Considerada o centro financeiro do Japão, a cidade de Tóquio é caracterizada pelo grande número de empresas como bancos, companhias de tecnologia, petroquímica, fábricas e redes de rádio/televisão. A sua paisagem destaca suntuosas construções que demonstra o grande desenvolvimento econômico gerado no país desde o fim da segunda guerra mundial.
Por trás da imagem imponente de super potência econômica, Tóquio esconde indivíduos que nem sempre querem ser vistos no meio do andar frenético das pessoas nas estações de trem e metrô da metrópole.
Na saída do lado oeste da estação JR Shinjuku-Tóquio, um homem sentado contra a parede segurava um cartaz com o seguinte apelo: "Por favor, me ajude! Estou lutando por causa do coronavírus e por outras coisas." Na frente de suas pernas, havia uma tigela onde os transeuntes da estação jogavam alguns trocados dentro dela para ajudar o pobre homem. O jornalista Shinji Kurokawa chegou próximo à ele e descobriu que ele tinha 35 anos e havia perdido o emprego devido à pandemia do coronavírus. Desde então, não conseguiu achar um novo trabalho. Durante o longo feriado de ano novo no Japão, o homem ficou na casa de um amigo, mas não quis ficar por muito tempo lá e agora fica vagando pelas ruas pedindo dinheiro.
Segundo Ren Onishi, diretor da Moyai Support Center for Independent Living, "Existem muitos outros que lutam da mesma maneira, especialmente entre os jovens." Por causa da pandemia, muitos trabalhadores não regulares, diaristas e outros com regime de trabalho instável estão sendo impactados com a queda da atividade econômica do país.
Uma pesquisa do ministério da saúde, trabalho e bem-estar calcula que cerca de 80.000 pessoas no Japão foram demitidas ou tiveram seus contratos rescindidos por causa do coronavírus.
Para tentar amenizar o problema, o governo metropolitano de Tóquio oferece desde o dia 21 de dezembro de 2020, 1.000 quartos de hotéis para pessoas sem-teto. Com a declaração do estado de emergência no início deste ano, o prazo de pedidos de uso dos quartos foi estendido para até o dia 7 de fevereiro.
Apesar da ajuda do governo, esse tipo de informação não está sendo divulgada para as pessoas que realmente estão em estado de rua. O próprio governo metropolitano não está fazendo a sua parte em divulgar o programa de ajuda dos quartos de hotel para os locais onde se encontram as pessoas necessitadas. Com o resultado dessa desinformação entre as partes, muitas pessoas que precisam da ajuda não estavam cientes de sua elegibilidade em se hospedar em hotéis. De acordo com o governo metropolitano, apenas 235 pessoas haviam solicitado a ajuda até o dia 4 de janeiro.
Um outro problema revelado por Ren Onishi é que mesmo que os japoneses necessitados consigam os serviços de apoio, muitos deles expressam muita resistência em receber qualquer tipo de auxílio de subsistência. De acordo com Onishi, "No Japão a pobreza é vista como uma questão de responsabilidade pessoal. Não adianta apenas abrir serviços de ajuda social e esperar que os japoneses venham até nós. É preciso que as instituições administrativas assumam a liderança na cooperação com grupos de apoio privados para que os indivíduos possam usar os serviços de forma mais proativa."
Diante do caos criado pela pandemia do coronavírus, será que o auxílio de subsistência chegará até as pessoas em estado de rua? Ou será que estas mesmas pessoas necessitadas chegarão até os serviços sociais oferecidos? Talvez muitos esperam que a pandemia passe e os empregos voltem ao normal, sem a necessidade de alguma ajuda social do governo.
Fonte: parte da matéria tirada do The Mainichi - 14/01/2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário