segunda-feira, 2 de maio de 2022

Até que a morte os una.

Jovem casal desaparece no naufrágio em Hokkaido e deixa suas famílias angustiadas por notícias.


Sapporo - O naufrágio de um barco de turistas na península de Shiretoko, em Hokkaido, parece que não terá um fim tão cedo. Apenas no dia 29 de abril que a guarda costeira do Japão conseguiu localizar a pequena embarcação no fundo do mar, depois de quase uma semana do desaparecimento de "Kazu I" (nome do barco). Das 26 pessoas que estavam a bordo, apenas 12 corpos das vítimas foram encontrados no mar até agora. Não há esperança de encontrar outros desaparecidos com vida.

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Jovem casal desaparece no naufrágio em Hokkaido e deixa suas famílias angustiadas por notícias.
Tsuyoshi Suzuki (esquerda), inconformado com a perda de seu filho e de sua futura nora. Seiichi Katsurada (direita), dono do barco desaparecido, pedindo perdão de joelhos diante dos jornalistas e fotógrafos. E o carro de Tomoya, filho de Tsuyoshi, rapaz ainda desaparecido no mar. Fotos: Kyodo News.

Das pessoas que continuam desaparecidas, um jovem casal de namorados ainda não foi encontrado. O rapaz, Tomoya Suzuki (22 anos), estava realizando a viagem em Shiretoko com sua namorada (não teve o nome revelado pela família), para festejar o aniversário dela. Além de celebrar o aniversário, Tomoya iria surpreender sua amada com um pedido de casamento, a bordo do Kazu I. Até as alianças ele tinha comprado para propor o matrimônio durante o cruzeiro.

Tsuyoshi Suzuki, o pai de Tomoya, teve contato com o casal, pela última vez, no dia do passeio, em 23 de abril. Nesse dia, Tsuyoshi enviou uma mensagem de feliz aniversário para sua futura nora. Como agradecimento, a jovem enviou para seu futuro sogro um vídeo de 10 segundos, dizendo que estava muito feliz pela mensagem dele. Quando ficou sabendo sobre o naufrágio do barco pela imprensa japonesa, Tsuyoshi tentou desesperadamente telefonar e enviar mensagens de texto para o seu filho naquele fatídico sábado, mas nenhuma resposta de Tomoya foi recebida pelo pai.

No mesmo dia 23, Tsuyoshi foi até o porto de Shari, local de partida do barco naufragado, junto com seu irmão Kensuke Suzuki, para obter alguma nova notícia sobre o casal. Quando Tsuyoshi viu o carro de seu filho estacionado no porto, ele não suportou a ideia de que Tomoya estava realmente entre os desaparecidos. O tio do rapaz, Kensuke, começou a chorar de desespero.

"Assim que o meu filho e minha nora forem encontrados, quero cobri-los com um coberto quentinho e deixá-los descansando", disse Tsuyoshi, no dia do naufrágio. No dia seguinte, quando os mortos foram surgindo, o pai de Tomoya ficou inconformado com a provável morte do casal.

"Tomoya sempre foi um bom menino", disse o tio Kensuke.

O jovem casal se conhecia desde a infância em Hokkaido. Tomoya vivia e trabalhava na cidade de Kitami. Sua namorada morava junto com ele.

Na semana seguinte após o naufrágio, as famílias de Tomoya e de sua namorada tentaram registrar o casamento "em memória" do casal, na cidade de Kitami. O escritório da prefeitura da cidade, infelizmente, não aceitou o pedido das famílias. O casamento era um grande sonho dos jovens desaparecidos. As famílias queriam realizar o último desejo de ambos, como forma de homenagem.

"É uma coisa difícil de fazer: realizar um matrimônio de um casal desaparecido. Mas nós, as famílias, esperamos que o casamento deles tenha se tornado realidade, em algum outro lugar para onde eles foram", disse Kensuke entristecido.

Enquanto as 14 vítimas desaparecidas ainda eram procuradas pela guarda costeira, as famílias do casal demonstravam uma profunda insatisfação com as explicações de Seiichi Katsurada, dono da Shiretoko Yuransen (empresa de passeios de barco) e do barco naufragado "Kazu I".

Em uma das aparições de Katsurada, dando algumas respostas para as famílias dos desaparecidos, a voz do pai da namorada de Tomoya tremeu de raiva. O pai enfurecido perguntou, ao dono da empresa, o que ele poderia fazer agora por sua filha desaparecida.

Quando o pai de Tomoya, Tsuyoshi, pressionou Katsurada sobre o motivo de ter permitido que o barco partisse para a península de Shiretoko, em meio as ondas fortes do mar aberto. O dono da empresa simplesmente disse a ele cabisbaixo: "Eu sinto muito, me desculpe".


Fonte: Kyodo News.

 
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