Guerra obriga japonês a abandonar sua vida e sua propriedade na Ucrânia.
Narita - Para escapar da invasão militar russa, o japonês Hidekatsu Furikata (78 anos) foi obrigado a deixar de lado todas as suas coisas na Ucrânia e fugir para o Japão, reencontrando com seus familiares japoneses. Fazia décadas que o ancião japonês vivia em território ucraniano.
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Encontro emocionado entre Hidekatsu Furikata (direita) e o seu irmão mais velho no aeroporto de Narita, em 19 de março. Foto: Yomiuri Shimbun. |
A maior parte de sua vida, Furikata viveu fora do Japão. Após o seu nascimento na província de Nagano em 1943, ele e toda sua família se mudaram para a ilha de Sacalina (ou Sakhalin), no extremo norte de Hokkaido. No passado, Sacalina era uma área sob o domínio japonês. Mas em agosto de 1945, a região foi invadida pela antiga União Soviética e tornou-se um território soviético. A invasão ocorreu um mês antes da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial.
Com a soberania soviética na ilha, muitos japoneses que viviam em Sacalina foram repatriados ao Japão. Entretanto, o pai de Furikata não teve permissão para sair, sendo obrigado a continuar trabalhando e vivendo com a família na ilha, agora regida pelas leis da União Soviética.
Quando tornou-se "um jovem adulto soviético", Furikata estudou e formou-se na universidade de Leningrado (atual São Petersburgo), na década de 60. No ano de 1971, ele casou-se com uma polonesa e juntos se mudaram para a Ucrânia (país ainda sob o domínio da União Soviética).
Decididos a morar perto da região onde a esposa de Furikata nasceu, o jovem casal escolheu a cidade de Zhytomyr, região oeste da Ucrânia. Os anos se passaram, a família cresceu e, até o início deste mês (março de 2022), Furikata ainda permanecia morando na mesma cidade. No entanto, agora ele vivia sozinho em sua casa desde que sua esposa faleceu, cerca de três anos atrás.
No dia 5 de março, o município de Zhytomyr começou a ser invadida pelo exército russo. Sentindo que estava em perigo iminente, Furikata abandonou a sua casa e seguiu numa viagem de três dias até a Polônia. Durante a perigosa viagem até a fronteira entre os dois países, o ancião japonês esteve sempre junto com uma parte de sua família ucraniana: a esposa de seu neto (Inna - 27 anos), sua bisneta (Sophia - 2 anos) e sua neta (Vladyslava - 18 anos).
Antes de entrar na Polônia, Furikata precisou de um novo passaporte japonês. No meio da confusão da guerra e sem como pedir um novo passaporte em um consulado japonês na Ucrânia, ele teve a sorte de conseguir um documento autorizando a sua viagem internacional pela Associação Japão-Sacalina. Essa entidade é responsável pelos japoneses que ainda continuaram vivendo na ilha de Sacalina, após o domínio soviético. Através desse documento, ele finalmente conseguiria viajar até o Japão pela Polônia.
No último sábado, 19 de março, Furikata chegou ao aeroporto internacional de Narita, num voo vindo de Varsóvia, capital da Polônia. No aeroporto, ele foi recebido pelo seu irmão mais velho (Nobukatsu Furikata - 80 anos) e sua irmã mais nova (Reiko Hatakeyama - 70 anos). No saguão de desembarque, um encontro com muitos abraços e lágrimas nos olhos entre os irmãos, depois de anos sem se verem.
Após os cumprimentos, Hidekatsu Furitaka agradeceu àqueles que prestaram toda assistência para sua viagem acontecer. No final, ele se expressou em russo dizendo o seguinte: "A Ucrânia é minha casa. Quando a guerra acabar, quero voltar para lá".
Fonte: The Japan News.
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