Torcedores estrangeiros ficam desanimados com as limitações do país anfitrião da Copa 2022.
Doha - Viajar para o Catar nesta Copa do Mundo deveria ser algo fácil, pois o país é pequeno e os oito estádios do mundial de futebol são relativamente próximos da capital Doha. No entanto, a realidade é bem diferente do que parece.
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Dezenas de milhares de torcedores estrangeiros estão recorrendo aos voos entre Doha e a vizinha Dubai, por uma série de razões na limitada Catar: preços das estadias de hotéis, escassez de acomodações e leis que limitam o consumo de bebidas alcoólicas em público.
Pode parecer exagero, mas os voos diários, entre os dois países, se tornaram uma opção melhor para os estrangeiros. Os torcedores da Copa optaram por ficar em outro lugar, que não seja dentro do Catar.
A cidade de Dubai é o principal destino dos turistas (fora do Catar). Companhias aéreas estatais, como a FlyDubai (companhia aérea de baixo custo de Dubai), estão trabalhando a todo vapor, operando 10 vezes o número de voos normais para a cidade de Doha.
Outros dois países vizinhos do Catar, Abu Dhabi e Arábia Saudita, também organizaram mais transportes aéreos para os torcedores estrangeiros, visando aproveitar o lucrativo turismo da Copa. A cada poucos minutos, um Boeing ou Airbus chega ao aeroporto de Doha, o Hamad International Airport, lotado de turistas.
A maioria dos torcedores, entrevistados pela reportagem, optaram por ficar em países vizinhos para reduzir as despesas. Muitos estrangeiros não conseguiram encontrar um lugar acessível para hospedar em Doha, ou qualquer outro lugar mais próximo da capital. Como os preços dos hotéis dispararam nos meses que antecederam a Copa, turistas frugais lutaram por vagas nas distantes vilas de torcedores do Catar, repletas de tendas de lona ou contêineres.
"Queríamos ficar cinco dias em Doha. Mas tudo era muito caro. Não queríamos ficar naquelas esquisitas áreas para fãs da Copa. Escolhemos Dubai e encontramos um hotel chique por um preço não muito caro. Os voos para o Catar estão tão lotados de gente que percebi que não fomos os únicos a optar por Dubai", disse a torcedora brasileira Ana Santos, que chegou com o marido na quinta-feira (24 de novembro) ao aeroporto de Doha.
"Queremos ter uma experiência em Dubai. Isso é mais interessante para nós", disse Bernard Boatengh Duah, um médico de Gana. Ele comprou um pacote turístico que inclui um hotel em Dubai, voos para Doha nos dias dos jogos da Copa, refeições e bebidas alcoólicas à vontade (só em Dubai que é não há restrições). "Queríamos mais liberdade", disse o médico.
"São dias longos. É cansativo. O problema é que você tem que chegar ao Catar com muita antecedência e passar um longo período fazendo os trâmites dos aeroportos, tanto para vir como para voltar", disse Steven Carroll, um técnico de laboratório do País de Gales. Após o jogo no Catar, seu voo de volta a Dubai atrasou uma hora, retornando exausto ao hotel (em que estava hospedado em Dubai) às 4 horas da manhã do dia seguinte.
Fernando Moya, um torcedor equatoriano que vive em Nova York (Estados Unidos), disse que se arrependeu de ter vindo para Abu Dhabi. Um problema técnico com os cartões Hayya, documentos que servem como vistos de entrada no Catar, deixou seus amigos presos no aeroporto de Abu Dhabi. Moya passou o dia 24 conversando com o atendimento ao cliente do aeroporto, desembolsando quase US$ 2.000 a mais, para conseguir viajar, junto com seus amigos, em um outro voo.
A cidade de Riad, capital da Arábia Saudita, buscou se beneficiar com o impulso do turismo no Catar. O país ofereceu aos torcedores dos jogos, portadores do cartão Hayya, visto de até 2 meses para visitar o território árabe. O estudante saudita, Nawaf Mohammed, disse que a febre da Copa na capital Riad é palpável, com muitos turistas ocidentais passando pelos aeroportos árabes.
O frequente número de voos, entre Catar e Riad (Arábia Saudita), era impensável pouco anos atrás. Em 2017, quatro países próximos (Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Egito e Arábia Saudita) impuseram um boicote ao Catar. A crise foi gerada devido ao apoio do Catar aos grupos islâmicos e aos laços políticos com o Irã. No entanto, o Catar se recusou a ceder e o embargo dos quatro países encerrou no ano passado.
Mesmo assim, as tensões entre os países ainda persistem. O pequeno país Bahrein, a apenas 45 minutos de voo a partir da cidade de Doha, continua a disputar a política e as fronteiras marítimas com o Catar. Os torcedores da Copa que optaram por hospedagens em Bahrein, não desfrutam de viagens aéreas tão fáceis.
"Esta região de Bahrein nem sempre é conveniente", disse o torcedor da Copa Eyad Mohammed, que optou por ficar em Bahrein e teve dificuldades com seu voo. Para viajar para o Catar, que fica muito perto de Bahrein, ele precisou fazer uma escala no leste da Arábia Saudita, para depois seguir viagem para Doha. Isso tudo por causa dos atritos entre os governos catariano e baremita.
Fonte: Japan Today.
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