Coronavírus transforma lugares turísticos da Indonésia em um paraíso deserto.
Indonésia - Antes da pandemia da COVID-19 se espalhar por todo o mundo, o indonésio Chef Ilhani tinha um restaurante de culinária japonesa na ilha Gili Trawangan, na Indonésia. Num passado não tão distante, ele servia diariamente os pratos que preparava para vários estrangeiros que visitavam a movimentada ilha turística.
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A pandemia do coronavírus provocou a queda dos visitantes estrangeiros nas ilhas Gili, na Indonésia. Os que dependiam do turismo, estão sofrendo para sobreviver com a atual situação. Foto: AFP.
Agora, com o problema do coronavírus ainda no ar, Ilhani luta para ganhar apenas US$ 3 por dia, vendendo salgadinhos fritos nas ruas quase vazias na mesma ilha que um dia viveu o sonho do turismo.
A pandemia do coronavírus fechou quase todos os resorts e restaurantes nas ilhas Gili, famosas pelo mar azul-turquesa, praias arenosas e vida marinha diversa.
Situada perto de Bali, o turismo e a economia local estavam em alta na época próspera, com cerca de 1.500 turistas estrangeiros visitando Gili Trawangan todos os dias.
Quando as autoridades indonésias impuseram no país o bloqueio nacional contra a COVID-19 em março de 2020, as fronteiras da Indonésia acabaram sendo fechadas para os turistas estrangeiros. Com as ruas sem os visitantes para gastar, Ilhani não conseguiu manter o seu restaurante funcionando por muito tempo, fechando-o por falta de movimento.
Quase 2 anos de pandemia, Ilhani diz que está lutando para sustentar sua esposa e os quatro filhos.
"A vida é dolorosamente difícil agora. Vendo salgadinhos fritos porque é algo barato que o povo local pode pagar. No passado, tudo o que eu vendia no restaurante, os turistas compravam. Atualmente, como você pode ver, as ruas da ilha estão desertas", disse Ilhani à reportagem da AFP.
O conjunto de três ilhas (Gili Trawangan, Gili Meno e Gili Air) é dependente economicamente do turismo estrangeiro. As ilhas têm cerca de 800 hotéis, com um total de 7.000 quartos para hospedagem. Entretanto, somente entre 20 e 30 propriedades hoteleiras permanecem abertas na região, de acordo com Lalu Kusnawan, presidente da Gili Hotel Association e administrador de um resort em Gili Trawangan.
Os negócios das ilhas Gili (entre lojas, bares, cafés e restaurantes) estão praticamente vazios. Alguns lugares estão à venda e outros totalmente abandonados. Poeira e teias de aranha se juntam em mesas e cadeiras não utilizadas pelo comércio.
O desemprego nas ilhas turísticas forçou o povo a encontrar outras maneiras de ganhar a vida. Por exemplo, a pesca tornou-se um meio de sobrevivência para alguns alimentarem suas famílias.
Na semana passada, a agência especializada em turismo da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que a pandemia do coronavírus custará ao setor de turismo global cerca de US$ 2 trilhões de receitas perdidas em 2021.
Ilhani teme que o sofrimento se prolongue porque o governo indonésio está planejando impor restrições mais rígidas ao coronavírus. Possivelmente, se antecipando de uma nova onda de infecções.
Chef Ilhani vende salgados fritos para sobreviver na atual situação em que a pandemia provocou na ilha Gili Trawangan. Foto: AFP.
As fronteiras da Indonésia foram reabertas oficialmente em outubro, mas os voos internacionais diretos para Bali ainda não foram retomados. Mesmo com as fronteiras abertas, o outro problema é que os turistas estrangeiros enfrentarão quarentena e requisitos rígidos de visto de turismo, desistimulando qualquer viagem para o país.
E com os temores da nova variante ômicron pelo mundo, a Indonésia estendeu sua quarentena obrigatória para dez dias. A decisão está acabando com as esperanças do renascimento do turismo indonésio.
Kusnawan teme que ele e seus colegas não aguentem por muito tempo com suas empresas. "O problema não é apenas o sangramento dos nossos negócios. O problema é que já não temos mais sangue para sangrar. Já estamos em péssimo estado mesmo antes do ômicron", disse o empresário.
Abdian Saputra, dono de barcos que oferece serviços de viagens para as ilhas Gili, disse à reportagem da AFP que teve de vender seus bens e demitir metade de sua equipe para manter o seu negócio aberto durante a pandemia.
"Raramente vejo novos passageiros desde o agravamento da pandemia. Se pararmos, empresas como hotéis também morrerão. Estamos ajudando uns aos outros para sobreviver. Se a situação continuar assim, meu negócio pode ver seu último suspiro em janeiro ou no início de fevereiro do ano que vem", disse Saputra.
Fonte: Japan Today.
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