segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Para alunos e pais estrangeiros.

Escola japonesa fornece traduções em português para auxiliar estudantes brasileiros e suas famílias.


Nagoya - Viver no Japão e não saber a língua do país pode trazer certas dificuldades para os estrangeiros, desde o dia a dia dos adultos até os estudos das crianças. Por causa disso, uma escola municipal da província de Aichi tem prestado assistência linguística, através de traduções de seus impressos para seu grande número de estudantes estrangeiros.

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Escola japonesa fornece traduções em português para auxiliar estudantes brasileiros e suas famílias.
Estudantes brasileiros, na escola ginasial Homi, leem planfletos sobre práticas seguras na internet em português. Os planfletos foram distribuídos pela polícia da província de Aichi. Foto: Mainichi.

A província de Aichi tem a segunda maior comunidade estrangeira do Japão (Tóquio é a primeira maior). Muitos pais de alunos estrangeiros não são fluentes na língua japonesa. 

Na escola ginasial Homi, da cidade de Toyota, os estrangeiros representam cerca de 40% do corpo discente da unidade municipal de ensino. Além de informações relacionadas à vida escolar, a escola também solicitou à polícia que cooperasse com traduções de informações sobre a cidade, suas leis e a prevenção de crimes. O corpo docente deseja que as informações sejam distribuídas de forma justa para toda população da cidade.

Em 1 de maio de 2008, a província de Aichi tinha 9.100 crianças estrangeiras que precisavam de apoio para o ensino da língua japonesa, o número mais alto entre as 47 províncias do Japão. A cidade de Toyota, com uma grande indústria automobilística concentrada na região, tem muitos trabalhadores estrangeiros. A escola ginasial Homi tem cerca de 320 alunos matriculados. Desse total, 130 alunos são de nacionalidade estrangeira, sendo que 90% deles falam português como língua materna.

A escola Homi tem um centro de apoio à crianças e alunos estrangeiros, operado pelo governo municipal. No local, um funcionário que fala japonês permanentemente fornece traduções em português de todos os avisos e materiais escolares para seus alunos.

Não se sabe exatamente quando o serviço de traduções começou na escola Homi. Mas em 2007, o MEXT (Ministério da Educação, Cultura, Esporte, Ciência e Tecnologia do Japão) citou a escola Homi como um exemplo de enriquecimento da educação para estrangeiros no ensino fundamental e ginasial do país.

A diretora da escola, Yoko Hirabuki, comentou: "Em vez da gente passar todo o material para o instrutor de língua japonesa, fazemos primeiro a sua tradução, tornando-se fácil o entendimento para os estudantes que não dominam bem o japonês. Além disso , o instrutor fornece auxílio da língua japonesa para os alunos que não entendem muito sobre os assuntos do dia a dia da escola. E ele também verifica os deveres de casa dos alunos estrangeiros.

Um problema que era comum na escola: a entrega de informações aos pais estrangeiros, relacionados a segurança e o cotidiano dos estudantes. Antigamente, a escola distribuia materiais em japonês criados pela polícia e outras organizações externas, sem tradução para outros idiomas. Por ser só em japonês, alguns acontecimentos surgiram por falta de entendimento dos materiais. Alguns pais estrangeiros não entendiam o significado dos números telefônicos de emergência 110 (polícia e bombeiro) e 119 (ambulância) do Japão. Outro problema: houve casos em que os estrangeiros abordavam os docentes da escola relatando sobre crimes, acidentes e outros problemas não relacionados a educação onde a instituição de ensino não era capaz de resolver.

Diante desses problemas, a diretora Hirabuki visitou a delegacia da cidade de Toyota em maio.  A sua intenção foi pedir para que o material da polícia, distribuída na escola, fosse traduzido para o português. Em setembro, a polícia entregou o primeiro planfleto em português sobre práticas do uso seguro da internet.

Hidemi Yamanaka, uma brasileira de 15 anos da escola Homi, deu o seu comentário sobre o planfleto traduzido: "Meus pais só entendem hiragana e katakana. Se todas as informações estiverem escritos em português, eu poderei ler os planfletos com eles".

O planfleto traduzido também foi distribuído para o conjunto habitacional Kyuban Danchi, no bairro Minato em Nagoya. No local abriga muitos residentes de nacionalidade estrangeira. Com um sorriso, uma brasileira de 35 anos que mora no condomínio público disse: "Eu me sinto melhor quando vejo que o panfleto está na minha língua nativa. Entendendo as orientações, também posso informar as crianças sobre o assunto".

Vendo os resultados, a diretora Hirabuki comentou: "Fazendo as pessoas entenderem as informações em seu próprio idioma, nós poderemos dar orientações apropriadas para as crianças. Queremos que esses esforços se espalhem para outras escolas japonesas também".


Fonte: The Mainichi.


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