Após a invasão russa, ansiedade toma conta dos residentes ucranianos no Japão.
Tóquio - Desde quinta-feira, alguns ucranianos, residentes no Japão, têm expressado suas ansiedades após a invasão das tropas russas em seu país. Isso também inclui a preocupação com familiares e amigos que vivem por lá, lutando contra o medo e o início da guerra.
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No distrito de Shibuya, em Tóquio, a comunidade ucraniana do Japão organizou um protesto contra a invasão russa na Ucrânia, ocorrida na última quinta-feira. Fonte: Kyodo News. |
"Minha mãe idosa não consegue enxergar muito bem. Seria difícil para ela se locomover em caso de uma emergência. Eu me pergunto se haverá lugar para ela evacuar no caso de explosões", disse Olena Kryvoruka, 42 anos, diretora de uma escola de música em Asahikawa, Hokkaido.
Compartilhando os receios com os compatriotas no Japão, Kryvoruka disse que não consegue pensar em mais nada. Os seus pensamentos estão voltados para a situação em sua terra natal. Ela diz que teme a morte de muitos civis, se os ucranianos tentarem resistir à invasão russa.
Kryvoruka contou a experiência que teve com sua família em 2014, quando a Rússia anexou a Criméia da Ucrânia. Tropas do governo ucraniano e separatistas pró-Rússia entraram em confronto. Ela morava em Luhansk nessa época e uma bomba caiu a 5 metros de distância de sua antiga casa. Depois disso, a sua família se mudou para a capital Kiev. Na atual situação, ela acredita que a invasão não vai parar se criar sanções mais duras, vindas dos Estados Unidos e da Europa, impostas contra a Rússia.
A medida que as tensões aumentam, tropas russas estão se aproximando cada vez mais da capital ucraniana, Kiev. O embaixador ucraniano no Japão, Sergiy Korsunsky, expressou, na sexta-feira, a sua indignação com o número de mortes em sua terra natal.
Em uma entrevista coletiva no Clube de Correspondentes Estrangeiros do Japão, em Tóquio, Korsunsky lamentou a forma como as tropas russas atacaram. A Ucrânia é um país pacífico, sem qualquer provocação. "Em tempo de paz, a Ucrânia acabou sendo atacada com mísseis", disse ele.
Korsunsky informou que as forças russas tomaram a usina de Chernobyl, conhecida pelo maior desastre nuclear da história (ocorrido em 1986): Os russos não têm nenhuma ideia de como monitorar aquela usina. Nem mesmo como gerenciá-la". Preocupado, o embaixador expressou temores de que a contaminação radioativa possa se espalhar por toda a Europa.
O ucraniano Serhii Korennov, de 49 anos, residente de Tóquio e vivendo no Japão desde 1996, também expressou suas preocupações com a segurança de sua família na Ucrânia. Ele disse que ligou para sua irmã mais velha por videofone (ela vive em Kiev), horas depois da Rússia começar a invadir o país. Sua irmã disse o seguinte para ele: "Ouvi uma grande explosão nas proximidades".
Pensando na saúde delicada de sua mãe de 85 anos, Korennov comentou: "Minha mãe vive sozinha. Estou preocupado se ela irá conseguir escapar se o pior acontecer". Ele afirmou que havia prometido à família que faria uma visita em abril deste ano, depois de três anos longe da Ucrânia.
"Se algo acontecer com minha família, vou me arrepender para sempre. Eu gostaria de ter feito uma visita bem antes dessa invasão", disse Korennov.
Na noite de quinta-feira, 24 de fevereiro, vários ucranianos e apoiadores se reuniram em frente ao famoso e movimentado cruzamento de Shibuya, em Tóquio, para protestar contra a invasão russa. O protesto foi organizado através das redes sociais. No local, os participantes seguravam bandeiras ucranianas e cartazes com os seguintes dizeres: "Pare a guerra".
Fonte: Kyodo News.
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