História em quadrinhos, feita no Brasil, relata o drama dos sobreviventes da bomba atômica.
São Paulo - Após o fim da segunda guerra mundial, alguns dos sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima decidiram tentar uma nova vida no Brasil. Mais de 75 anos depois da explosão da bomba e vivendo em terras brasileiras, os depoimentos e as experiências dos "Hibakusha" (termo japonês que significa aqueles que foram afetados por bombas) foram transformados em história em quadrinhos. O responsável pelo projeto foi um professor brasileiro da Universidade de Sorocaba, engajado em escrever um livro sobre o assunto.
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Entitulado como "Projeto Hibakusha", o livro de 157 páginas foi escrito, ilustrado e desenhado só por brasileiros. O autor, Guilherme Profeta, professor de jornalismo da Universidade de Sorocaba, engajou-se no projeto na esperança de utilizar a obra como material de aprendizagem. Segundo o autor, é uma forma de transmitir as memórias dos sobreviventes da bomba atômica para as gerações mais jovem.
Em uma parte da história em quadrinhos, o professor Guilherme entrevista Takashi Morita (97 anos) e Junko Watanabe (79 anos), ambos sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima e que vivem no Brasil.
De acordo com o relato de Morita, no dia da explosão da bomba atômica, ele tinha 21 anos e estava de plantão como policial militar em uma rua, localizada a uma distância de 1,5 km do centro da cidade de Hiroshima. Com o fim da segunda guerra mundial, ele emigrou do Japão para o Brasil, em fevereiro de 1956.
No Brasil, Morita trouxe a família consigo, conseguindo criar os dois filhos, nascidos em Hiroshima, no novo país. Em 1984, ele fundou a Associação das Vítimas da Bomba Atômica no Brasil, desempenhando um papel central no apoio aos sobreviventes da bomba de Hiroshima que residem em terras brasileiras.
A outra sobrevivente da bomba atômica, Junko Watanabe, descobriu, aos 38 anos de idade, que foi exposta à chuva negra radioativa de Hiroshima quando era criança, após uma conversa séria com os seus pais. Na entrevista com o professor Guilherme, ela se esforçou para falar abertamente sobre suas experiências, sentindo a necessidade de expressar os seus pensamentos como uma "Hibakusha".
Depois de entrevistar os dois japoneses Hibakushas, o professor brasileiro viajou para o Japão, com o intuito de conhecer a cidade de Hiroshima. Pelo o que viu por lá, Guilherme teve a necessidade de retratar o "Ceifador" em sua obra, para expressar a imagem de morte que o professor sentiu em sua visita a Hiroshima. Em uma cena da história em quadrinhos, o Ceifador é ilustrado dizendo o seguinte no dia 6 de agosto de 1945 (dia da explosão da bomba atômica): "Hoje será um dia muito agitado".
Através da sua versão sobre a explosão da bomba de Hiroshima, o professor Guilherme espera que as pessoas sejam estimuladas a conhecer a historia das vítimas. Compreendendo o assunto, as pessoas estarão conscientes de como evitar uma nova guerra nuclear. Elas também pensarão em suas próprias formas de recontar a história de Hiroshima, garantindo que mais pessoas fiquem sabendo sobre os terrores da guerra.
Colaboradora do projeto, Priscila Nakajima, designer gráfica e nipo-brasileira de quarta geração, disse que quando participou da produção dos quadrinhos, ela percebeu com emoção que havia pessoas ao seu redor que vivenciaram o bombardeio atômico de Hiroshima. Priscila disse: "Não podemos apagar o que aconteceu no passado. Entretanto, podemos continuar recontando essa história para que não aconteça novamente no futuro".
Em março de 2020, um total em dinheiro de R$ 13.365 (cerca de US$ 2.600) foi arrecadado pelo autor, por meio de um financiamento coletivo, para a publicação da obra, só no Brasil. A história em quadrinhos sobre Hiroshima foi publicado em 600 exemplares e lançado para a venda em julho de 2020.
Um exemplar do "Projeto Hibakusha" está guardado na biblioteca da Universidade de Sorocaba. Aparentemente, a obra de Guilherme já foi usada durante as aulas de jornalismo da universidade. Uma outra cópia da obra foi doada ao Museu Memorial da Paz de Hiroshima, podendo ser vista no primeiro andar do subsolo da biblioteca da instituição japonesa. Guilherme expressa esperanças de uma versão em japonês de sua história em quadrinhos.
No final de 2021, havia apenas 72 hibakushas ainda vivos e vivendo no Brasil. No passado, o número de sobreviventes da bomba de Hiroshima que viviam no Brasil chegou a ter cerca de 240 hibakushas. A Associação das Vítimas da Bomba Atômica no Brasil (fundada por Morita) cresceu e tornou-se uma organização certificada pelo governo brasileiro, formando a Associação da Paz dos Sobreviventes da Bomba Atômica no Brasil. No entanto, as atividades da "APSBAB" se cessaram no final de 2020. Atualmente, Takashi Morita e outros hibakushas, baseados no Brasil, continuam dando palestras e apresentando esquetes, em pequenos grupos pelo território brasileiro.
Em março de 2021, de acordo com o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão, havia cerca de 2.800 sobreviventes de bombas atômicas que viviam fora do Japão (todos registrados como sobreviventes de bombas atômicas pelo governo japonês). Em 2015, o número era, aproximadamente, 3.400 sobreviventes registrados ainda vivos, segundo uma pesquisa da época.
Fonte: The Mainichi.
Imagem das Olimpíadas de Inverno de Pequim 2022 - Domingo, dia 20.
Quadro parcial de medalhas das Olimpíadas de Inverno de Pequim 2022 - 20 de fevereiro de 2022. Fonte: Olympics.com |
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